STJ AFASTA GOVERNADOR DO TOCANTINS WANDERLEI BARBOSA EM OPERAÇÃO QUE INVESTIGA DESVIO DE R$ 73 MILHÕES
O Superior Tribunal de Justiça (STJ) determinou nesta quarta-feira (3) o afastamento imediato, por seis meses, do governador do Tocantins, Wanderlei Barbosa (Republicanos). Ele é investigado por envolvimento em um esquema milionário de desvio de recursos públicos durante a pandemia da covid-19, principalmente em contratos de cestas básicas e frangos congelados.
O que está acontecendo
A decisão partiu do ministro Mauro Campbell Marques e será analisada ainda hoje pela Corte Especial do STJ, composta pelos 15 ministros mais antigos do tribunal. Cabe a esse colegiado confirmar ou não a medida cautelar.
Além do governador, a primeira-dama e secretária de Participações Sociais, Karynne Sotero Campos, também foi afastada do cargo por 180 dias. Segundo a Polícia Federal, o casal, com apoio de deputados estaduais, empresários e servidores públicos, teria articulado um amplo esquema de desvio de verbas emergenciais destinadas ao combate à fome no período mais crítico da pandemia.
Como funcionava o esquema
As investigações apontam que empresas recém-criadas ou sem experiência no fornecimento de alimentos foram contratadas com valores superfaturados. Muitas entregavam apenas parte dos produtos.
- Mais de R$ 97 milhões foram pagos nesses contratos;
- O prejuízo estimado aos cofres públicos ultrapassa R$ 73 milhões;
- Recursos foram usados para construções de luxo, compra de gado e despesas pessoais;
- A PF identificou quatro núcleos criminosos: políticos, servidores, empresários e lavagem de capitais.
Hoje, mais de 200 policiais federais cumprem 51 mandados de busca e apreensão em diversos locais, incluindo o Palácio Araguaia (sede do governo) e a Assembleia Legislativa do Tocantins.
O que diz o governador
Em nota, Wanderlei Barbosa classificou o afastamento como “precipitado” e uma “injustiça”:
“Sem conclusão definitiva sobre qualquer responsabilidade da minha parte, acionarei todos os meios jurídicos para reassumir o cargo e comprovar a legalidade dos meus atos. A investigação trata de contratos de 2020 e 2021, quando eu ainda era vice-governador e não ordenador de despesas”, afirmou.
Operação Fames-19
A ofensiva da PF recebeu o nome de Fames-19 — referência à palavra latina “fome” e ao ano de início da pandemia. Esta já é a segunda fase da investigação. Em agosto de 2024, Barbosa também foi alvo da operação, mas declarou que estava “tranquilo” e “confiante em sua inocência”.
Redação: Paulo Ricardo Aguiar
